Seja bem-vindo. Hoje é

terça-feira, 27 de dezembro de 2016


Desejo um maravilhoso Ano Novo, a todos queridos amigos que me acompanham durante todos esses anos. O melhor do infinito a todos. 2017 cheiinho de coisas maravilhosas.mm

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Vagamundo


Carrego cicatrizes
(...e quem não as tem?)
De algumas esqueço,
enquanto outras sangram
porque feitas de punhais-palavras.
A cada (a)talho, vago pelo mundo
para driblar esse mal
chamado coração.

 
 Graça Graúna,
em "Poesia para mudar o mundo"

segunda-feira, 14 de março de 2016

Elos do Tempo




Ilusões a buscar na passarela
A mágica é o pranto no silencio
Indecisa nas paralelas

O dia se esvai e esmorece
A noite plena de lua cheia
Reflete nos espelhos
A batalha sem gloria .

Livres porem limitados
Sem rédeas o pensamento
Nos olhos da alma
Grita pelo ontem adormecido.

Presos aos elos do tempo
Soltos a procura de espaço
O homem a imaginação na tela
Recorre ao arco-íris e renasce.


Iára Iara Pacini

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Longe


Não te abraça, num longe
Teu silêncio gesta poemas
Lembra sempre uma ausência
Vida do passado ainda tange


Não digas talvez as dores antigas
Cria novas memórias amigas
Meu eu moro ainda em ti
Lembranças que não esqueci

O que penso em mim viceja
Vou buscar-te num beijo
Searas onduladas por vento amigo
Na saudade das tardes de domingo.


Vany Campos
21/06/2015

Para além do cotidiano


...E se você, meu pensamento, ...
Deixasse-me ir, me deixasse partir...
Par além das serenas nuvens,
Para além das coisas que os olhos vêem...
Para além do que os olhos enxergam, mas não querem...



Se você me deixasse sonhar, com todas
as coisas que gostaria de fazer e não tive tempo
Se você me deixasse livre para voar...
Em pensamentos luminosos, nos quais
A natureza reza seu canto diário.

Se eu tivesse tempo para ser perdoada...
E para perdoar...


Se eu pudesse ver transformar em realidade
todos meus coloridos e alheios sonhos
eu te juro, que estaria muito feliz,
E te seguiria sem perguntar
-De que é feita essa vida vã...


Anna Carlini

sexta-feira, 27 de março de 2015

'IRMÃOS DE SANGUE''



Há uma tristeza imensa
no fundo de meu coração.

Há um coração imenso
no fundo de minha tristeza.


Oswaldo Antônio Begiato

UTOPIA




E se não houvessem ações
De humilhação, zombaria
De escárnio e rancor
Amargura, maledicência... 


E no lugar delas colocássemos:
Bondade, alegria
Humildade, irmandade
Gratidão, ajuda
Compreensão, tolerância...

Certamente seria uma alacridade
Porque só então a felicidade nos visitaria
O homem menos fera, mais coração...

O mundo seria um lugar promissor
Em nossa eterna sinergia...
Da utopia para o real amor.


Anna Carlini
de 'Fadado ao esquecimento'

Em outro outono Noroeste...
O vento sopra
A porta fecha
Eu, da janela
Absorto, vôo junto
Com as folhas...


Jefferson Dieckmann
De Lentes em Versos (2014)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A MÁSCARA



Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.


No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.

Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.

E entre a mágoa que mascara eterna apouca
A humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.

Augusto dos Anjos

domingo, 9 de novembro de 2014

TRÊS ORQUÍDEAS*



(Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964)
[Cinquenta anos sem Cecília...]


TRÊS ORQUÍDEAS*

 
As orquídeas do mosteiro fitam-me com seus olhos roxos.
Elas são alvas, toda pureza,
com uma leve mácula violácea para uma pureza de sonho triste, um dia.
Que dia? Que dia? Dói-me a sua brevidade.
Ah! não vêem o mundo. Ah! não me vêem como eu as vejo.
Se fossem de alabastro seriam mais amadas?
Mas eu amo o terno e o efêmero e queria fazer o efêmero eterno.

As três orquídeas brancas eu sonharia que durassem,
com sua nervura humana,
seu colorido de veludo,
a graça leve do seu desenho,
o tênue caule de tão delicado verde.
Que elas não vêem o mundo, que o mundo as visse.
Quem pode deixar de sentir sua beleza?
Antecipo-me em sofrer pelo seu desaparecimento.
E aspira sobre elas a gentileza igualmente frágil, a gentileza floril
da mão que as trouxe para alegrar a minha vida.

Durai, durai, flores, como se estivésseis ainda
no jardim do mosteiro amado onde fostes colhidas,
que escrevo para perdurares em palavras,
pois desejaria que para sempre vos soubessem,
alvas, de olhos roxos (ah! cegos?)
com leves tristezas violáceas na brancura de alabastro.

Cecília Meireles
In "Flor de Poemas" 


 *Último poema de Cecília Meireles, escrito no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, em agosto de 1964.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

INFÂNCIA



Quando recordo  o tempo  de criança
revivendo aquela fase linda,
envolvo-me em  magia mansa
julgando-me ser criança ainda!

Temos sempre e sentimos  dentro de nós
um pouco da linda e frágil criança,
aquela que vive simplesmente a sós
imaginando sonhos de esperança.

E neste vai e vem de nossa vida,
vez em quando uma lembrança remexida
nos torna feliz, momentaneamente.

Quase sempre é a imagem colorida
através de uma lágrima escorrida,
lembrando a criança  que fomos antigamente.


Celeste Laus
In A Décima Carta

A gente vai indo...
crescendo...vivendo...
chorando ou sorrindo...
e no vaivém
- da vida,
retorna ao passado:
uma série de ocorrências
acumulam-se
em nossa mente,
cheias de beleza
ou de maldade,
e... no giro, girando
a gente fica,
ficando sempre a pensar
se tudo aquilo
foi mentira,
ou se realmente é verdade
o que nos surpreende
num momento
- de saudade.


Celeste Laus
In Um Pedaço de Papel


Escritora nascida em  Tijucas em 1911. Filha de Minervina e Rodolfo Laus.
Poetisa consagrada de Santa Catarina. Autora de Caderno de Sonhos, Poemas Escolhidos e Seleção de Poemas, Um pedaço de Papel, etc...


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

SONHANDO


Ensimesmada passando pela vida
Buscando respostas, encontrando perguntas
Perdidas nos tempos, perguntas velhas,
Cansadas, Irrespondíveis...



Fugindo do sol, buscando crepúsculos
Amanhecendo noites, perdendo auroras
Buscando ternura, comprometida com a solidão
Nessa louca e rápida passagem – Chamada Vida –


Quero preencher as ausências,
Fazer acontecer a alegria
Dourar as horas, alegrar a melancolia.


Afinal sonhar é de alguma forma viver.


Anna Carlini
(Pseudônimo)
1949
[Arte: Catrin Welz Stein]

domingo, 6 de julho de 2014

POEMA



Duro caminho é o saber que não há caminho.
O que há são fragmentos de rota que o tecido do acaso
une ou desune. Estar, andar. Identificar-se com as coisas,
com o tempo. Estar aqui, ali. Estar antigamente, estar futuro,
ou buscar-se no espelho onde não há espelho.
Isso é tudo.
Mesmo assim nos sonhamos, e sonhamos
um roteiro, um destino.
Não no espaço, ou no tempo,
mas na parte de nós, ah, tão frágil, que se devora
e, perdida, se salva.

Emílio Moura
In: Itinerário Poético
Entre o Real e a Fabula

OS VERSOS QUE TE DOU


Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

E hei de fazê-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei  depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escutá-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revivê-los nas
lembranças que a vida não desfez...

E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.

J. G. de Araújo Jorge* 
do livro “Meu céu interior”, Editora Vecchi – Rio de Janeiro, 1934.


 *José Guilherme de Araújo Jorge - nasceu na Vila de Tarauacá, no Estado do Acre, aos 20 de maio de 1914. Ainda jovem iniciou-se na poesia. Estudou em Coimbra, Portugal, e fez curso de Extensão Cultural na Universidade de Berlim, Alemanha. Além de escritor, locutor e redator de programas radiofônicos, professor de História e Literatura, líder estudantil, tinha política em suas veias. Foi candidato a vários cargos públicos. Elegeu-se deputado federal pelo Estado da Guanabara, em 1970. Foi reeleito em 1974 e 1978. Mesmo combatidos pelos críticos, seus livros — em número de 36 — tinham grande aceitação e foram publicados em diversos países. Faleceu no dia 27 de janeiro de 1987.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016


Desejo um maravilhoso Ano Novo, a todos queridos amigos que me acompanham durante todos esses anos. O melhor do infinito a todos. 2017 cheiinho de coisas maravilhosas.mm

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Vagamundo


Carrego cicatrizes
(...e quem não as tem?)
De algumas esqueço,
enquanto outras sangram
porque feitas de punhais-palavras.
A cada (a)talho, vago pelo mundo
para driblar esse mal
chamado coração.

 
 Graça Graúna,
em "Poesia para mudar o mundo"

segunda-feira, 14 de março de 2016

Elos do Tempo




Ilusões a buscar na passarela
A mágica é o pranto no silencio
Indecisa nas paralelas

O dia se esvai e esmorece
A noite plena de lua cheia
Reflete nos espelhos
A batalha sem gloria .

Livres porem limitados
Sem rédeas o pensamento
Nos olhos da alma
Grita pelo ontem adormecido.

Presos aos elos do tempo
Soltos a procura de espaço
O homem a imaginação na tela
Recorre ao arco-íris e renasce.


Iára Iara Pacini

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Longe


Não te abraça, num longe
Teu silêncio gesta poemas
Lembra sempre uma ausência
Vida do passado ainda tange


Não digas talvez as dores antigas
Cria novas memórias amigas
Meu eu moro ainda em ti
Lembranças que não esqueci

O que penso em mim viceja
Vou buscar-te num beijo
Searas onduladas por vento amigo
Na saudade das tardes de domingo.


Vany Campos
21/06/2015

Para além do cotidiano


...E se você, meu pensamento, ...
Deixasse-me ir, me deixasse partir...
Par além das serenas nuvens,
Para além das coisas que os olhos vêem...
Para além do que os olhos enxergam, mas não querem...



Se você me deixasse sonhar, com todas
as coisas que gostaria de fazer e não tive tempo
Se você me deixasse livre para voar...
Em pensamentos luminosos, nos quais
A natureza reza seu canto diário.

Se eu tivesse tempo para ser perdoada...
E para perdoar...


Se eu pudesse ver transformar em realidade
todos meus coloridos e alheios sonhos
eu te juro, que estaria muito feliz,
E te seguiria sem perguntar
-De que é feita essa vida vã...


Anna Carlini

sexta-feira, 27 de março de 2015

'IRMÃOS DE SANGUE''



Há uma tristeza imensa
no fundo de meu coração.

Há um coração imenso
no fundo de minha tristeza.


Oswaldo Antônio Begiato

UTOPIA




E se não houvessem ações
De humilhação, zombaria
De escárnio e rancor
Amargura, maledicência... 


E no lugar delas colocássemos:
Bondade, alegria
Humildade, irmandade
Gratidão, ajuda
Compreensão, tolerância...

Certamente seria uma alacridade
Porque só então a felicidade nos visitaria
O homem menos fera, mais coração...

O mundo seria um lugar promissor
Em nossa eterna sinergia...
Da utopia para o real amor.


Anna Carlini
de 'Fadado ao esquecimento'

Em outro outono Noroeste...
O vento sopra
A porta fecha
Eu, da janela
Absorto, vôo junto
Com as folhas...


Jefferson Dieckmann
De Lentes em Versos (2014)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A MÁSCARA



Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.


No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.

Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.

E entre a mágoa que mascara eterna apouca
A humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.

Augusto dos Anjos

domingo, 9 de novembro de 2014

TRÊS ORQUÍDEAS*



(Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964)
[Cinquenta anos sem Cecília...]


TRÊS ORQUÍDEAS*

 
As orquídeas do mosteiro fitam-me com seus olhos roxos.
Elas são alvas, toda pureza,
com uma leve mácula violácea para uma pureza de sonho triste, um dia.
Que dia? Que dia? Dói-me a sua brevidade.
Ah! não vêem o mundo. Ah! não me vêem como eu as vejo.
Se fossem de alabastro seriam mais amadas?
Mas eu amo o terno e o efêmero e queria fazer o efêmero eterno.

As três orquídeas brancas eu sonharia que durassem,
com sua nervura humana,
seu colorido de veludo,
a graça leve do seu desenho,
o tênue caule de tão delicado verde.
Que elas não vêem o mundo, que o mundo as visse.
Quem pode deixar de sentir sua beleza?
Antecipo-me em sofrer pelo seu desaparecimento.
E aspira sobre elas a gentileza igualmente frágil, a gentileza floril
da mão que as trouxe para alegrar a minha vida.

Durai, durai, flores, como se estivésseis ainda
no jardim do mosteiro amado onde fostes colhidas,
que escrevo para perdurares em palavras,
pois desejaria que para sempre vos soubessem,
alvas, de olhos roxos (ah! cegos?)
com leves tristezas violáceas na brancura de alabastro.

Cecília Meireles
In "Flor de Poemas" 


 *Último poema de Cecília Meireles, escrito no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, em agosto de 1964.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

INFÂNCIA



Quando recordo  o tempo  de criança
revivendo aquela fase linda,
envolvo-me em  magia mansa
julgando-me ser criança ainda!

Temos sempre e sentimos  dentro de nós
um pouco da linda e frágil criança,
aquela que vive simplesmente a sós
imaginando sonhos de esperança.

E neste vai e vem de nossa vida,
vez em quando uma lembrança remexida
nos torna feliz, momentaneamente.

Quase sempre é a imagem colorida
através de uma lágrima escorrida,
lembrando a criança  que fomos antigamente.


Celeste Laus
In A Décima Carta

A gente vai indo...
crescendo...vivendo...
chorando ou sorrindo...
e no vaivém
- da vida,
retorna ao passado:
uma série de ocorrências
acumulam-se
em nossa mente,
cheias de beleza
ou de maldade,
e... no giro, girando
a gente fica,
ficando sempre a pensar
se tudo aquilo
foi mentira,
ou se realmente é verdade
o que nos surpreende
num momento
- de saudade.


Celeste Laus
In Um Pedaço de Papel


Escritora nascida em  Tijucas em 1911. Filha de Minervina e Rodolfo Laus.
Poetisa consagrada de Santa Catarina. Autora de Caderno de Sonhos, Poemas Escolhidos e Seleção de Poemas, Um pedaço de Papel, etc...


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

SONHANDO


Ensimesmada passando pela vida
Buscando respostas, encontrando perguntas
Perdidas nos tempos, perguntas velhas,
Cansadas, Irrespondíveis...



Fugindo do sol, buscando crepúsculos
Amanhecendo noites, perdendo auroras
Buscando ternura, comprometida com a solidão
Nessa louca e rápida passagem – Chamada Vida –


Quero preencher as ausências,
Fazer acontecer a alegria
Dourar as horas, alegrar a melancolia.


Afinal sonhar é de alguma forma viver.


Anna Carlini
(Pseudônimo)
1949
[Arte: Catrin Welz Stein]

domingo, 6 de julho de 2014

POEMA



Duro caminho é o saber que não há caminho.
O que há são fragmentos de rota que o tecido do acaso
une ou desune. Estar, andar. Identificar-se com as coisas,
com o tempo. Estar aqui, ali. Estar antigamente, estar futuro,
ou buscar-se no espelho onde não há espelho.
Isso é tudo.
Mesmo assim nos sonhamos, e sonhamos
um roteiro, um destino.
Não no espaço, ou no tempo,
mas na parte de nós, ah, tão frágil, que se devora
e, perdida, se salva.

Emílio Moura
In: Itinerário Poético
Entre o Real e a Fabula

OS VERSOS QUE TE DOU


Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

E hei de fazê-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei  depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escutá-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revivê-los nas
lembranças que a vida não desfez...

E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.

J. G. de Araújo Jorge* 
do livro “Meu céu interior”, Editora Vecchi – Rio de Janeiro, 1934.


 *José Guilherme de Araújo Jorge - nasceu na Vila de Tarauacá, no Estado do Acre, aos 20 de maio de 1914. Ainda jovem iniciou-se na poesia. Estudou em Coimbra, Portugal, e fez curso de Extensão Cultural na Universidade de Berlim, Alemanha. Além de escritor, locutor e redator de programas radiofônicos, professor de História e Literatura, líder estudantil, tinha política em suas veias. Foi candidato a vários cargos públicos. Elegeu-se deputado federal pelo Estado da Guanabara, em 1970. Foi reeleito em 1974 e 1978. Mesmo combatidos pelos críticos, seus livros — em número de 36 — tinham grande aceitação e foram publicados em diversos países. Faleceu no dia 27 de janeiro de 1987.